Capítulo 3

“Olhe para mim,” eu ordenei.

O homem rosnou e bufou, rangendo os dentes.

Rapidamente, passei minhas garras pelo rosto dele, ensanguentando seu olho esquerdo. E ele gritou, pois eu deixei minha raiva sair e fui fundo.

Os guerreiros do clã vieram e levaram os dois tolos para nossas masmorras.

Minha mãe e Cea vieram rapidamente e me levaram para o banheiro.

“A ignorância e a tolice desses homens. Como ousam! Como se merecessem você. Você, que tão graciosamente o poupou de qualquer maneira. Sua diplomacia está muito além da deles. Eu deveria fazer com que nos dessem as vidas de seus melhores guerreiros como retribuição. Eu deveria mandar seu pai arrasar suas terras. A deusa trará uma fome sobre o clã dele se ela souber o que é justiça. A indecência. Afrontar minha filha. Minha filha!” minha mãe divagou enquanto limpava minha mão agora encharcada de sangue.

“Você deu o inferno para ele,” Cea sorriu enquanto limpava o sangue do meu rosto. “Ele não vai mais enxergar com aquele olho.”

Eu ri um pouco, mas não foi de verdade. Eles vieram aqui para me machucar e tomar minha vida para si. Como eu deveria voltar lá fora?

Uma batida soou e meus pensamentos se acalmaram um pouco.

“Eva? As pessoas estão bastante chateadas, você deveria vir aqui e ajudar a acalmar as coisas,” ela chamou do outro lado da porta. “Eu posso ajudar, Anna.”

Minha mãe olhou para mim em busca de confirmação e eu assenti. Ela beijou minha bochecha e saiu do nosso pequeno espaço, passando por Gia enquanto ela entrava.

“Minha Anna, você está bem?” Gia perguntou, continuando a limpar minha mão.

“Eu sabia que algo assim aconteceria. Só espero que os outros com a mesma ideia desistam,” eu me olhei no espelho.

“Você fez a coisa certa, e muitos dos alfas gostaram que você pediu moderação. É o sinal de uma boa Luna acalmar seu parceiro,” ela sorriu brilhantemente para mim.

“Além disso, um bom homem forte está destinado a vir para você,” Cea me olhou com sinceridade, procurando por tristeza em mim.

“Você deve voltar lá fora, no entanto. Para mostrar sua força e resiliência,” Gia terminou e arrumou meu cabelo.

“Você tem uma pequena mancha de sangue na sua saia,” Cea foi limpar.

“Não.” Eu a parei e sorri. “Eles vão olhar para isso.”

Cea assentiu com um aceno firme e um sorriso se espalhou pelo rosto dela. “Essa é a minha garota.”

Eu me olhei para garantir que nenhum medo ou raiva permanecesse no meu rosto e que meus olhos tivessem voltado ao normal.

“Me deem alguns momentos sozinha e depois eu me juntarei à festa. Peçam para James me encontrar em cinco minutos,” eu disse a elas e aceitei seus abraços.

Suspirei e caminhei mais para dentro da minha casa, longe da festa agora barulhenta, todos fofocando sobre o evento.

Eu sabia que algo assim aconteceria. No entanto, pensei que uma transgressão tão grande seria guardada para mais tarde na semana.

Olhei pela janela. Nossa casa ficava em um penhasco, com lados menos atacáveis. O oceano se estendia além. Eu sentiria falta do cheiro do mar sempre que partisse.

Eu tinha me preparado para isso, para a sensação de incerteza e as pessoas pouco confiáveis que foram bem-vindas em minhas terras.

Eles não perceberam que esses eram meus últimos momentos aqui. O último pedaço de tempo que eu tinha vivendo sob o teto dos meus pais. Minha infância estava terminando e eles não viam nada além do começo para seus filhos.

Ouvi passos. James estava aqui para me escoltar pelo resto das pessoas.

Então, um cheiro diferente veio. Não era James. Deusa.

“Senhorita Annette Maloria?” Uma voz atrás de mim.

Eu me virei revirando os olhos.

“Se você não acabou de testemunhar a última pessoa desrespeitar a santidade deste dia, sugiro que espere um membro da minha família estar presente,” eu respondi começando a me afastar dele, mas parei.

Ele era grande. Pelo menos tão alto quanto Charlie. Ombros largos. Mas o que mais me chocou foi que ele não era alfa.

Ok, pelo amor de Deus, como seria o alfa dele???

“Fui instruído a entregar isso em particular,” ele abriu uma maleta e me estendeu um pequeno pacote embrulhado com fita vermelha. “Sinto muito por não poder lhe dar um momento de paz, mas meu Alfa precisa saber sobre esses canalhas.”

“Oh?” Não pude evitar minha surpresa com o tom de raiva dele.

“Ele pretende disputar por você, mas está ocupado no momento. Ele pediu adiantado o que poderia lhe dar para se desculpar pelo pequeno atraso. Ele espera que você goste,” o homem fez uma reverência.

“Seu nome?”

“Beta Matthew O’Connell,” ele acenou com a cabeça.

“E seu alfa ainda espera competir com os outros que eu escolher, mesmo não estando aqui?” Eu o olhei com desconfiança.

“Ele espera que o presente mostre sua intenção para você e como é realmente genuíno. Ele afirma que, se vencer, ele, é claro, lhe dará tempo para conhecê-lo antes de você ir para casa,” o beta explicou.

Havia um cheiro no beta que eu não conseguia decifrar. O cheiro também estava por todo o meu presente. Eu não podia evitar querer mais dele.

“Ele disse casa?” Eu continuei a interrogá-lo.

“Ele deseja dar uma, é claro,” ele sorriu novamente e olhou para o relógio. “Sinto muito, mas preciso chamá-lo em breve. A vigília noturna começará e ele está de plantão.”

“Claro,” eu assenti.

Caminhei de volta para a janela e me sentei no parapeito.

James passou pelo homem e veio até mim.

“Mais um?” Ele olhou para o meu rosto.

“Ele era apenas um beta. Ele me deu um presente do alfa dele como um pedido de desculpas por estar atrasado. Ele perguntou o que deveria me dar também,” eu ri. Desembrulhei o presente como uma criança no seu aniversário, uma euforia subindo no meu peito.

“E então?” James sorriu com minha infantilidade.

Desembrulhei o papel marrom e a fita de veludo vermelho. Dentro havia um livro encadernado em couro.

Minha respiração ficou presa. Aquele cheiro ficou mais forte. Como madeira e floresta e gelo?

Era uma cópia de Razão e Sensibilidade. Cópia antiga. Não parecia barata. Eu a abri e dentro havia flores prensadas. Lavanda, margaridas e campainhas.

“Eu realmente gostei. Muito, na verdade,” pisquei rapidamente, um rubor subindo às minhas bochechas com o doce gesto de um estranho.