Capítulo 5

Celeste

"Então... Você gosta de dançar, né?"

A notificação apareceu na minha tela, fazendo meu coração saltar no peito. Matt estava sentado bem na minha frente na sala de estar, me mandando uma mensagem, e ele nem sabia que era eu.

Jack estava sentado entre nós, jogando um videogame na televisão. Os dois estavam revezando há um tempo; eu teria me escondido no meu quarto se não fosse pelo fato de que o jantar estava no forno e eu precisava estar perto da cozinha para ficar de olho.

Lancei um olhar para Matt, me perguntando se deveria ignorar sua mensagem por enquanto, caso alguém percebesse. Mas, enquanto as lembranças da nossa noite na banheira voltavam à minha mente, não pude deixar de ser um pouco travessa.

"Eu gosto," respondi, inclinando meu celular para não ser vista. Encolhi os joelhos até o peito e me recostei na poltrona, esperando que parecesse que eu estava apenas jogando no celular.

"Isso é bom," disse Matt. Olhei para ele enquanto digitava, notando a rapidez com que seus dedos voavam pela tela. Ele tinha um brilho ansioso nos olhos, e isso fez meu coração disparar.

"Por quê?" perguntei.

Matt enviou um emoji de ombros levantados, seguido rapidamente por outra mensagem. "Você conhece o baile do Festival da Deusa da Lua?"

Meu coração saltou no peito novamente ao ouvir isso; não era possível... Era?

"Você não está me convidando, está?" perguntei.

"Ei," disse Jack, balançando o controle do videogame na frente de Matt. "Sua vez, idiota. Pare de mandar mensagem para garotas."

"Desculpa." Matt sorriu, guardou o celular no bolso e pegou o controle. Ao mesmo tempo, senti minha garganta fechar quando Jack olhou para mim. Ele não precisava dizer nada em voz alta, mas seus olhos falavam volumes; quando o jantar estaria pronto?

Silenciosamente, guardei meu celular no bolso e me retirei para o santuário da cozinha. Tirei o jantar do forno e, alguns minutos depois, estava carregando dois pratos para a sala de estar.

Coloquei-os na mesa de centro em frente a Jack e Matt, que estavam tão absorvidos no videogame que nem me reconheceram. Aproveitei a oportunidade para sair da sala e me retirar para o meu quarto sem jantar.

Quando fiquei sozinha, parei em frente ao meu espelho de corpo inteiro para me olhar. Embora os elogios de Matt ainda estivessem frescos na minha mente, eles foram manchados pela indiferença dele quando meu irmão me insultou mais cedo. Eu ainda me sentia tão feia quanto sempre.

Lágrimas começaram a se formar nos meus olhos enquanto eu me olhava, absorvendo minha aparência desajeitada. Rapidamente me virei e terminei de me preparar para dormir.

...

O dia seguinte não foi muito diferente do anterior. Fui para a aula de manhã, onde encontrei Fiona do lado de fora do auditório; só que dessa vez, ela tinha uma expressão envergonhada no rosto.

"O que foi?" perguntei ao me aproximar. "O que houve?"

Fiona sorriu. "O rei e a rainha do baile foram anunciados," disse. Ela fez um gesto com a cabeça em direção a um quadro de avisos que estava cercado por outros alunos, a maioria meninas. "Quer ir ver?"

"Ah... Claro." Segui minha amiga, embora, para ser honesta, eu não me importasse muito com quem eram o rei e a rainha, porque eu sabia que nunca chegaria nem perto desse título. Se alguém algum dia votasse em mim, excluindo Fiona, seria apenas uma piada.

Nos aproximamos do grupo de meninas, que estavam todas murmurando e rindo enquanto liam o anúncio. Fiona abriu caminho entre elas, e eu a segui.

"Claro," Fiona sussurrou, apontando. "Só faz sentido. Como poderia ser outra pessoa?"

Meus olhos seguiram o dedo delicado de Fiona e repousaram sobre os dois nomes no quadro: Enzo e Nina Rivers.

Todos conheciam Enzo e Nina; eles eram o casal estrela do campus, o duo mais amado de toda Mountainview. Eles se casaram há um ano e agora ambos eram veteranos.

Enzo costumava ser o capitão do time de hóquei, mas passou o título para Matt para que pudesse se tornar o coordenador do programa esportivo quando se formasse.

Nina já estava no caminho para se tornar a médica da escola quando se formasse também. Pelo que ouvi, o relacionamento deles era uma bela montanha-russa. Nina era um pouco como eu; tímida e desajeitada, mas saiu de sua concha quando encontrou seu verdadeiro amor. Eu só podia sonhar em ser remotamente como ela algum dia.

"Olha!" Fiona sibilou, batendo furiosamente no meu ombro e me tirando do meu profundo devaneio. "Lá estão eles!"

A pedido de Fiona, me virei; e, é claro, lá estavam eles. Enzo e Nina.

As garotas ao nosso redor suspiraram e se encantaram enquanto os dois se aproximavam, de mãos dadas. Enzo era alto, musculoso e tinha uma cabeleira de cachos castanhos. Ele vestia uma camisa xadrez e jeans, e caminhava confiante com seus livros debaixo de um braço e o outro braço ao redor dos ombros de Nina.

Nina era pequena e bonita, com duas longas tranças negras e uma franja reta abaixo da qual brilhavam seus olhos castanhos. Seu rosto tinha uma expressão distante, como se estivesse perdida em seu próprio mundo.

Enzo disse algo para ela, fazendo-a olhar para ele, jogar uma das tranças por cima do ombro e sorrir calorosamente. Os dois se beijaram antes de se separarem, e ela desapareceu em uma das salas de aula.

"Eles são perfeitos," suspirou Fiona, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto assistíamos Enzo desaparecer em uma esquina. "Um casal dos sonhos."

"É," murmurei, sentindo uma semente de amargura crescer em meu coração ao perceber que eu nunca, jamais teria isso. "Eles com certeza são."

...

"Sim. Estou te convidando."

A notificação iluminou meu celular ao lado do travesseiro, me tirando do meio-sono. Peguei o telefone abruptamente, meus olhos se arregalando ao ler a mensagem de Matt.

Já era meia-noite, muito tempo depois de Matt ter ido para casa. Agora eu estava segura para mandar uma mensagem. Sorrindo, digitei uma resposta.

"Sério?" perguntei. "O que foi, não conseguiu outro par?"

"Tenho opções," ele respondeu. "Mas eu quero você. Além disso, você disse que gosta de dançar. Eu poderia usar uma boa parceira de dança. Você é estudante da Universidade Mountainview, certo?"

Sentei-me, passando a mão pelo meu cabelo frisado. Isso era território perigoso; eu sabia disso. Um passo em falso e tudo poderia ir por água abaixo para nós dois.

"Sou estudante da Mountainview," respondi, depois pausei, mordendo o lábio antes de enviar outra mensagem. "Mas não posso ir com você."

A resposta de Matt veio quase instantaneamente. "Por que não? Tem outro par?"

"Não," respondi, abafando uma risada com essa ideia ridícula. "É só que... Essas coisas não são para mim. Eu não curto muito danças ou bailes ou coisas do tipo."

Matt ficou em silêncio por alguns minutos. Achei que finalmente o tinha afastado e, de certa forma, me senti quase aliviada. Foi agridoce; claro que eu queria ir com ele.

Ele era bonito e popular. Eu queria viver meu sonho de ter um encontro assim para um evento tão grande, mas não podia ir com ele. Era uma péssima ideia.

De repente, quando eu estava prestes a me deitar novamente, meu celular acendeu de novo.

"Será que eu te convenceria a ir se eu dissesse 'por favorzinho'?"

Meu coração disparou com essa mensagem tão juvenil. Havia algo cativante na ansiedade de Matt; ele era tão diferente dos caras indiferentes e egoístas com quem eu já tinha trocado mensagens antes. Ele era doce.

Pelo menos, essa versão online dele era doce. Quando ele estava com meu irmão... Eu não tinha tanta certeza.

"Você vai ter que implorar."

Instintivamente, senti minha mão vagar novamente até a cintura da minha calcinha. Isso seria tudo; poderíamos trocar mensagens picantes, nos satisfazermos e nunca mais falar novamente. A maioria dos caras desaparecia depois de conseguir o que queria algumas vezes.

Mas Matt não mordeu a isca.

"Não vou implorar," ele respondeu. "Mas eu realmente gosto de você e quero te ver de novo. Se você fosse comigo, eu ficaria feliz."

Minha mão congelou, depois se afastou da calcinha. Pausei por alguns momentos, mordendo o lábio enquanto os melhores e piores cenários passavam pela minha mente.

O melhor cenário envolveria ir ao baile de algum jeito sem ser reconhecida, depois voltar para casa com meu pequeno pedaço de dignidade ainda intacto. O pior cenário... Eu nem queria imaginar.

Foi então que a máscara, ainda no chão do meu armário, refletiu a luz do meu celular em uma das lantejoulas e brilhou. De repente, tive uma ideia, e sorri enquanto digitava minha resposta.

"Tá bom. Eu vou com você," disse, digitando furiosamente. "Mas eu gosto de um bom mistério... Então você não verá meu rosto e não saberá meu nome. Você já viu minha máscara..."

As três bolhas, indicando que ele estava digitando, apareceram e dançaram na tela. Esperei pacientemente, meu sorriso se alargando enquanto finalmente lia a resposta dele.

"Está combinado, Garota Misteriosa," ele respondeu. "Vou procurar sua máscara de gato."