Capítulo 4
Celeste
Na manhã seguinte, acordei com a sensação de umidade na calcinha, um batimento forte no coração e uma solicitação de amizade de Matt.
Meu coração disparou com uma mistura estranha e emocionante de medo e excitação enquanto eu aceitava. Em poucos minutos, uma mensagem apareceu.
"Já nos conhecemos antes?" ele perguntou.
Mordi o lábio, pensando por um momento antes de responder, "Não. Ontem à noite foi a primeira vez que fui a uma das festas do Jack."
"Então você conhece o Jack?" Ele perguntou, suas palavras digitais carregadas de curiosidade.
Parei, com os dedos pairando sobre as teclas, mas não respondi. Como eu poderia responder? E se eu dissesse que conhecia o Jack e o Matt perguntasse a ele sobre isso? Jack veria através disso e me desmascararia imediatamente. Eu estaria arruinada.
"Está tudo bem", ele escreveu após alguns minutos de silêncio, percebendo que eu o deixara no vácuo. "Não vou insistir, Garota Misteriosa. Vamos encontrar outra maneira de nos conhecermos..."
As palavras dele enviaram um arrepio de alegria pelo meu coração.
"E o que você sugere?" respondi. Minha mão instintivamente desceu por debaixo do cobertor para me tocar, como costumava fazer quando estava trocando mensagens picantes com caras online. Mas minha mão parou quando recebi a próxima mensagem.
"O que você gosta de fazer para se divertir?" Matt perguntou.
Parei, com os dedos ainda pairando sobre o cós da minha calcinha. Na minha experiência com caras online, nenhum deles jamais fazia perguntas assim. As conversas sempre—sempre—evoluíam imediatamente para o tema do sexo.
Talvez Matt fosse realmente diferente.
Minha mão se afastou da calcinha, e eu digitei uma resposta.
"Eu gosto de muitas coisas", respondi.
"Como o quê?" As respostas de Matt eram rápidas. Ele não parecia ser do tipo que deixa uma garota no vácuo por horas para criar suspense e manipulá-la.
Mordi o lábio por um momento, pensando. Eu poderia simplesmente mentir e inventar alguns interesses falsos, algo para me fazer parecer mais sexy e misteriosa. Mas por algum motivo estranho, eu queria ser honesta.
"Eu gosto de dançar", respondi. "E ler. Na verdade, eu leio muito."
"Ah?" Matt respondeu, novamente quase imediatamente. "Você faz aulas de dança?"
"Não. Eu só danço em privado. Não gosto de ser vista."
Matt não respondeu por alguns minutos. Quanto mais tempo as três bolhas não apareciam, mais ansiosa eu ficava. Talvez eu o tenha assustado ao admitir que era tímida. Talvez ele já pudesse perceber que eu era uma perdedora.
Mas então, aquelas três bolhas apareceram.
"Você é interessante, Garota Misteriosa," Matt finalmente comentou. O elogio acendeu um sentimento quente e alegre dentro de mim.
Mas a realidade, dura e fria, estava esperando logo fora do meu refúgio digital. Eu tinha aula em apenas trinta minutos, então tive que me apressar para sair da cama e me arrumar. Essa conversa com Matt teria que esperar para outra hora. Não respondi à sua última mensagem.
...
O baile do Festival da Deusa da Lua se aproximava.
Naquela manhã, cheguei à aula e vi minha melhor amiga, Fiona, esperando por mim na porta. Ela segurava os livros contra o peito e um sorriso no rosto redondo e angelical.
"Oi, Celeste," Fiona cantou enquanto eu me aproximava, suas longas pestanas tremulando. "Teve um bom fim de semana?"
Dei de ombros, não querendo mencionar meu encontro com o melhor amigo do meu irmão. "O de sempre," respondi enquanto entrávamos juntas no auditório. "Nada interessante."
Assim que entramos na sala, parecia que a febre dos convites e chocolates já havia começado. Suspirei e afundei na minha cadeira, sabendo que não receberia nenhum dos dois.
Este seria meu primeiro ano participando do baile do Festival da Deusa da Lua, já que era meu primeiro ano na faculdade e os alunos do ensino médio eram muito jovens para participar. Mas eu já havia resolvido anos atrás que nunca sequer seria considerada para um encontro.
"Ânimo, querida," Fiona disse gentilmente enquanto se sentava ao meu lado, me cutucando com o cotovelo. "Podemos ir juntas."
Balancei a cabeça, observando enquanto um garoto nerd, mas fofo, escaneava a sala, seus olhos pousando em Fiona. Os dois acenaram um para o outro, e ele começou a se aproximar.
"Eu não posso ir," disse, forçando um sorriso enquanto o garoto se aproximava. "Além disso... Parece que você já tem um pretendente."
O garoto parou na nossa frente sem nem ao menos olhar para mim. Fiona era a mais bonita entre nós duas; claro que os garotos a queriam. Ela não era uma supermodelo nem especialmente popular, então os atletas não lhe davam muita atenção, mas ela não tinha problemas com os garotos doces, quietos e nerds como o que estava parado na nossa frente.
"Um... Fiona?" o garoto perguntou, suas mãos finas segurando uma caixinha. "Eu sou o Devon."
"Oi." Fiona lhe deu um sorriso. O rosto dele ficou vermelho como um tomate e, sem dizer uma palavra, ele estendeu a caixa para ela.
"Eu não sei se você já tem um par para o baile ou algo assim, mas... Aqui."
Fiona pegou a caixa delicadamente. Um pequeno envelope repousava no topo, provavelmente com o número do garoto escrito dentro. Fiona sorriu novamente e agradeceu, e ele se afastou.
"Viu?" eu disse. "Ainda não são nem oito e meia e você já recebeu um convite."
Fiona deu de ombros e abriu a caixa, revelando vários chocolates delicados. Ela pegou um e me entregou.
"Aqui," ela murmurou, sorrindo calorosamente para mim. "Um chocolate para minha garota favorita."
Eu não pude deixar de sorrir. Fiona, minha melhor amiga desde o ensino médio, sempre estaria lá para mim. Ela era a única pessoa no mundo em quem eu realmente confiava.
"Obrigada," eu disse, pegando o chocolate.
O dia passou e, uma a uma, as garotas receberam seus convites. No final do dia, só restávamos eu e um garoto gordinho da minha aula de inglês sem convite.
"Ei," uma garota disse ao passar. "Vocês dois deveriam ir juntos."
O garoto, amargurado, zombou da ideia de ir comigo. "É, tá bom," ele murmurou enquanto folheava seu caderno. "Até eu tenho meus padrões."
As palavras dele foram um golpe para minha autoestima já frágil.
Olhei para a garota; eu a conhecia. Ela era Sabrina, uma das calouras populares. Ela tinha uma pilha de caixas de chocolate e envelopes em suas mãos finas; a escolha do grupo. Ela era bonita, loira, e nada parecida comigo. Com um sorriso sarcástico, ela jogou as caixas na mesa à minha frente.
"Aqui, porquinha," ela zombou, empurrando as caixas na minha direção. "Eu não como essas porcarias. Você parece que poderia devorar tudo de uma vez."
Eu franzi a testa, empurrando as caixas de volta para ela.
"Não, obrigada," eu disse. "Eu não quero."
Sabrina bufou e saiu, me deixando sentada entre o garoto gordinho e a pilha de caixas.
Bufando, eu caminhei até a lixeira e joguei tudo dentro, resultando em um coro de murmúrios e risadinhas maldosas ao meu redor. Eu tentei ao máximo ignorar, mantendo a cabeça baixa pelo resto da aula.
Estava nevando muito depois da aula, então liguei para o Jack vir me buscar. Ele concordou, embora relutantemente e só porque prometi fazer o jantar naquela noite.
Algumas horas depois, bem depois do fim das minhas aulas, ele finalmente chegou.
Eu me segurei enquanto caminhava até o carro, segurando o casaco apertado ao redor dos ombros enquanto a neve caía sobre mim. Mas quando me aproximei do lado do passageiro, vi que já estava ocupado.
Meu rosto ficou vermelho quando meus olhos encontraram uma visão familiar através da janela.
Matt.
Jack abaixou a janela enquanto Matt olhava friamente para a frente.
"Vai entrar ou vai ficar aí parada?" Jack perguntou, seu tom carregado de irritação.
Eu rapidamente entrei no banco de trás, me encolhendo no canto e olhando pela janela. Ao meu lado havia duas pilhas de caixas de chocolate; presentes de suas inúmeras admiradoras. Tanto Jack quanto Matt eram populares e bonitos, então não era surpresa.
Enquanto Jack saía do campus, seus olhos pousaram em mim pelo retrovisor. Um sorriso cruel torceu seus lábios enquanto ele provocava, "Nenhum chocolate para você, Celeste?" ele perguntou.
Eu balancei a cabeça. "Não."
Jack bufou, suas próximas palavras foram cortantes. "Talvez se você cuidasse melhor da sua aparência..."
Meu coração afundou. Lancei um olhar desesperado para Matt, esperando algum sinal de desaprovação.
Mas ele permaneceu em silêncio, sua atenção fixa na estrada à frente.
A indiferença dele doeu mais do que as palavras de Jack, uma confirmação silenciosa das inseguranças que corroíam minha autoestima.
Matt não seria fonte de conforto enquanto soubesse quem eu era; ele só gostava da persona da Garota Misteriosa da festa, a garota de lugar nenhum. Se ele soubesse que era eu por trás da máscara, provavelmente teria vomitado ali mesmo no banco.
Enquanto dirigíamos para casa na luz decrescente do inverno, me agarrei à memória de nossas conversas online, um farol de esperança em meio à realidade cortante.





































































































































































































