Queremos Mamãe, Não Você, Papai!

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Capítulo 2

POV de Cedar

Essa criança realmente acreditava que eu era sua mãe. Enquanto alisava os cabelos úmidos de sua testa febril, senti algo despertar dentro de mim—um instinto protetor feroz.

"Estou bem aqui, Oliver," sussurrei, segurando sua pequena mão na minha. "Não vou a lugar nenhum."

Seus lábios se curvaram em um sorriso de confiança antes de seus olhos se fecharem. "Sabia que você cuidaria de mim," ele murmurou, já caindo no sono febril. "Te amo, mamãe."

Por um momento, tudo o que pude sentir foi uma ternura tranquila, uma sensação de que estar ali com ele era o certo. Talvez fosse isso que a felicidade de uma mãe significava.

Passei a noite em vigília, cuidando de Oliver como uma sentinela. A cada hora, colocava cuidadosamente um pano frio em sua testa, monitorava sua temperatura e o persuadia a tomar o remédio quando ele se mexia brevemente. A chuva continuava sua batida implacável contra as janelas do meu apartamento, criando uma trilha sonora sombria para meus pensamentos preocupados.

"38.5," sussurrei, lendo o termômetro digital às 2 da manhã. Melhor do que os alarmantes 39.5 quando o trouxe para dentro, mas ainda preocupante. Refresquei a compressa fria e estudei seu rosto adormecido.

Banhado pela luz suave do abajur ao lado da cama, seu cabelo dourado e bagunçado e seus olhos sonolentos o faziam parecer irresistivelmente adorável, despertando em mim um desejo inesperado de protegê-lo.

Quem é essa criança? E por que ele acha que sou sua mãe?

Nunca dei à luz. Eu lembraria de algo tão monumental.

"Você vai ficar bem," sussurrei, afastando um cacho úmido de sua testa. "Agora eu cuido de você."

As palavras vieram naturalmente, como se eu as tivesse dito inúmeras vezes. Cuidar dessa criança despertou uma ternura em mim que meus pais adotivos nunca tiveram. Quando eu estava doente, seus cuidados eram eficientes, mas distantes—médicos chamados, remédios dados, a vida rapidamente voltando ao normal.

Isso era diferente. Mais próximo. Como se, ao cuidar dele, eu estivesse finalmente cuidando de uma parte de mim mesma.


Acordei com algo fazendo cócegas no meu rosto. Desorientada, pisquei contra a luz da manhã, gradualmente me dando conta de um pequeno corpo quente enrolado contra o meu. Oliver de alguma forma havia migrado da cama para o sofá da sala onde eu finalmente adormeci. Sua cabeça estava encaixada sob meu queixo, seu pequeno corpo aninhado contra o meu como um gatinho confiante.

Lembrava vagamente de ter desabado no sofá ao amanhecer, depois que sua febre finalmente cedeu. Planejava pegar um cobertor para ele, mas aparentemente o cansaço me venceu primeiro.

Ao me mexer, meu braço roçou sua testa, verificando instintivamente qualquer calor remanescente. Só para ter certeza, alcancei o termômetro na mesa de centro, colocando-o gentilmente sob seu braço. Os números digitais piscaram de forma tranquilizadora—normal. Um alívio tomou conta de mim.

"Bom dia, mamãe," ele sussurrou quando meu movimento o fez acordar. Seus olhos me olhavam com pura adoração.

"Oliver," comecei gentilmente, "preciso explicar uma coisa. Eu não sou sua mãe. Meu nome é Cedar Wright."

Ele se sentou, me estudando com uma intensidade inesperada para uma criança da sua idade. "Eu sei seu nome. Você foi adotada pela família Wright quando era pequena."

Fiquei tensa. "Como você sabe disso?"

"Porque você é minha mamãe," ele insistiu, como se isso explicasse tudo. Sua pequena mão tocou meu braço. "Acordei na noite passada e vi você dormindo. Fiquei com medo de que você fosse embora quando eu acordasse, então vim te proteger."

Meu coração derreteu apesar da minha confusão. "Isso é muito gentil da sua parte." Por um momento, deixei-me aproveitar o calor da confiança dele. Mas então uma ponta de preocupação surgiu. "Você deve ser muito corajoso para vir aqui sozinho... Seu pai sabia que você estava saindo?"

A expressão dele ficou sombria. "Papai não se importa. Ele está sempre ocupado e nunca tem tempo para mim. Ele é muito rigoroso e fica bravo quando eu faço perguntas."

"Mesmo assim, precisamos informá-lo de que você está seguro," eu disse a ele.

Oliver olhou para baixo, mexendo na barra da camiseta grande que eu lhe dei para dormir. "Você não me quer, mamãe? Eu vim até aqui para te encontrar."

A vulnerabilidade nua na voz dele me paralisou. Eu sentia aquela mesma insegurança inúmeras vezes na casa dos Wright—a necessidade desesperada de ser querido.

"Vamos tomar café da manhã primeiro," ofereci, adiando o inevitável. "Você deve estar com fome."

Preparei o único café da manhã infantil que eu tinha—cereal com leite—enquanto Oliver se sentava em um banquinho na cozinha, balançando as pernas livremente.

"Sua casa é legal," ele observou, olhando ao redor do meu apartamento modesto. "É pequena, mas parece acolhedora."

Eu sorri apesar de mim mesma. "Obrigada. Não é muito, mas é meu lar."

"A casa do papai é grande, com muitos quartos que ninguém usa," ele continuou conversando. "E sempre tem gente limpando ou trazendo coisas."

Família rica, então. Isso explicava a qualidade das roupas dele, apesar da aparência casual.

"Oliver," tentei novamente, derramando leite sobre o cereal dele, "qual é o seu nome completo? E quantos anos você tem?"

Ele hesitou, a colher parada a meio caminho da boca, depois respondeu com um sorriso repentino: "Oliver North. Eu tenho seis anos."

O sobrenome não me era familiar. Não havia famílias North proeminentes em Chicago que eu conhecesse.

"Por que você acha que eu sou sua mãe?" perguntei diretamente.

"Você tem uma pequena marca de nascença em forma de lua crescente na nuca, certo?" Oliver perguntou de repente, me fazendo congelar no meio da mordida.

Minha mão instintivamente foi para o local onde meu cabelo geralmente cobria a pequena marca em forma de lua. "Como você poderia saber disso?"

"Porque eu também tenho uma," ele disse simplesmente, virando-se e levantando o cabelo para revelar uma marca de lua crescente idêntica exatamente no mesmo lugar.

Eu fiquei olhando, sem palavras. Marcas de nascença podiam ser hereditárias, mas isso—idêntica em forma e localização—parecia impossível. A probabilidade estatística tinha que ser infinitesimal.

"É por isso que eu sabia que você era minha mamãe," ele disse, virando-se de volta com triunfo nos olhos. "Nós combinamos."

"Oliver, isso não faz sentido," expliquei o mais gentilmente possível. "Eu nunca tive um filho. Deve haver algum engano."

"Não é um engano," ele insistiu. "Eu te encontrei. Eu procurei por você por muito tempo."

"Como?" desafiei, tentando desvendar essa situação bizarra. "Como você me encontrou?"

"Eu olhei todas as mulheres que poderiam ter a idade certa," ele explicou com simplicidade infantil, "e então eu te encontrei."

Parecia a lógica imaginativa de uma criança, mas havia algo inquietantemente específico no conhecimento dele. A marca de nascença. Minha situação familiar. Detalhes que não estavam disponíveis publicamente.

Poderia ser algum trote elaborado? Ou algo mais sinistro? A história dele não podia ser verdadeira.

E ele não é minha responsabilidade. Eu deveria ter chamado as autoridades imediatamente. No entanto, algo me segurava.

Eu senti uma conexão inexplicável com esse menino que desafiava a explicação lógica. Eu poderia ter tido minha memória apagada? Isso era ridículo demais. Talvez ele fosse um parente distante—alguém que compartilhasse a marca de nascença da minha família por acaso?

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