Capítulo 1
Ponto de vista de Cedar
[Não estrague tudo. Esta parceria é vital para a empresa.]
A mensagem do meu pai adotivo, Jonathan Wright, brilhava na tela enquanto eu alisava meu terninho cinza no espelho do elevador do hotel. A mensagem não era surpreendente—Jonathan nunca foi do tipo que dá incentivo.
Observei os andares subirem, cada número me aproximando de uma reunião que poderia elevar a Wright Creatives ou confirmar o que Jonathan sempre insinuou: que eu nunca seria boa o suficiente. O peso de ser a filha adotiva da família Wright pressionava meus ombros, mais pesado que a pasta em minha mão.
Brad Wilson, gerente geral da divisão de investimentos do Wilson Group, me cumprimentou com um sorriso que não chegou aos olhos. A reunião começou de maneira profissional—eu apresentei nossos conceitos de design, ele fez perguntas sobre o potencial de mercado. Mas à medida que a hora avançava, a atmosfera mudou.
"Seu trabalho é impressionante," Wilson disse, aproximando-se enquanto eu recolhia meus materiais. "Mas eu preciso de mais... garantia pessoal antes de comprometer nossos fundos."
Sua mão roçou deliberadamente meu braço. "Talvez devêssemos continuar esta discussão durante o jantar hoje à noite. Em um lugar mais privado."
A insinuação era inconfundível. Dei um passo para trás, mantendo contato visual.
"Sr. Wilson, nossa proposta se sustenta apenas pelos seus méritos comerciais. Ficarei feliz em abordar qualquer preocupação profissional, mas meu tempo pessoal não faz parte desta negociação."
Sua expressão endureceu. "Você é ingênua sobre como os negócios funcionam neste nível, Srta. Wright."
"Se essa é sua condição para a parceria, então acredito que nossa reunião terminou," respondi, fechando minha pasta com mãos firmes, apesar do coração acelerado.
"Você vai se arrepender dessa decisão," Wilson disse friamente. "Sua pequena empresa familiar precisa disso mais do que nós."
Saí com minha dignidade intacta, mas minhas perspectivas de carreira em risco.
A chuva começou a cair quando saí do hotel, o toldo oferecendo um abrigo momentâneo antes de eu pisar na calçada escorregadia.
Meu telefone vibrou: três chamadas perdidas de Jonathan. Eu o silenciei e o guardei no bolso. Aquela conversa poderia esperar até eu descobrir como explicar que acabei de recusar a parceria que ele vinha perseguindo há meses.
Parada sob o abrigo modesto de um toldo de loja, abri o aplicativo do Uber e pedi uma carona de volta para meu apartamento em Wicker Park. A distância entre Gold Coast e meu bairro parecia simbólica do abismo entre as aspirações da família Wright e minha própria realidade.
No banco de trás do Uber, observando as gotas de chuva escorrerem pela janela, repassei os últimos meses na Wright Creatives. Os materiais sustentáveis que consegui, reduzindo os custos em quinze por cento. A matéria na Architectural Digest que mencionou meu trabalho com destaque—que Jonathan rapidamente atribuiu ao "legado de design da família Wright."
"Você deveria ser grata por termos te acolhido."
As palavras da minha mãe adotiva, Elara, ecoaram de uma reunião recente, quando sua filha biológica Selena apresentou meus designs de acessórios para banheiro como se fossem dela. Quando eu contestei, Elara me deu um olhar frio do outro lado da mesa de conferência. "Família apoia família, Cedar. Não seja difícil."
Família. A palavra sempre pareceu condicional na casa dos Wright—um status que eu tinha que ganhar continuamente através de conquistas e conformidade. Aos vinte e seis anos, eu ainda tentava provar meu valor para pessoas que decidiram meu valor no momento em que assinaram os papéis de adoção.
O carro parou em frente ao meu prédio, um edifício antigo em Wicker Park com escadas de madeira rangentes e janelas altas que deixavam entrar bastante luz, mesmo que o isolamento deixasse a desejar. A chuva havia se intensificado, batendo forte na calçada enquanto eu pagava o motorista e saía, protegendo a cabeça com a bolsa enquanto corria para a entrada.
Foi então que notei a pequena figura encolhida na entrada do meu prédio—uma criança, não mais que seis ou sete anos, meio encharcada e tremendo. Seu moletom azul-marinho, grande demais, grudava úmido em seu pequeno corpo.
"Oi, tudo bem?" chamei, me aproximando devagar. "Você está perdido? Onde estão seus pais?"
O garoto olhou para cima, e eu congelei. Seus olhos—de um azul surpreendente e emoldurados por cílios longos—refletiam os meus de uma maneira que parecia impossível. Seu rostinho, pálido de frio, tinha traços que mexeram com algo profundo e inexplicável dentro de mim.
"Mamãe, você finalmente voltou." Seus olhos se arregalaram de empolgação enquanto ele se levantava, mas sua voz era fina e trêmula.
Pisquei, certa de que tinha ouvido errado. "O quê? Não, querido, acho que você está confuso. Você está perdido? Precisa de ajuda para ligar para alguém?"
Ele estremeceu, esfregando o nariz com as costas da mão. "Eu te encontrei," sussurrou, seu pequeno corpo tremendo violentamente. "Eles... eles disseram que você estava morta, mas eu sabia... eu sabia que não estava. Eles são todos mentirosos." Outro espirro sacudiu seu corpo, e ele fez uma careta, abraçando-se para se aquecer.
Um engano, certamente. Ele deve estar com saudades da mãe.
Ajoelhei ao lado dele e coloquei a mão em sua testa. Estava queimando de febre.
"Querido, você está muito doente. Precisamos te levar para dentro e ligar para seus pais."
Ele fungou novamente, os dentes batendo. "Não tenho pais," disse, a voz ligeiramente cansada. "Só um pai. Ele não me quer mais." Ele fez uma pausa, tremendo, e soltou outro pequeno espirro.
As palavras tocaram um ponto doloroso. Eu sabia como era se sentir indesejado, questionar seu lugar na família. Passei minha infância tentando ganhar o amor que os Wrights davam tão livremente a Selena.
"Eu tenho você agora," ele disse suavemente, seus olhos azuis—tão assustadoramente parecidos com os meus—olhando para cima com total confiança, apesar do olhar febril. "Eu sabia que se te encontrasse, tudo ficaria bem." Sua voz estava rouca, e então ele me abraçou apertado.
Suas palavras fizeram meu coração se retorcer. Eu não podia suportar decepcioná-lo, não quando ele me olhava daquele jeito.
Forcei um sorriso gentil. "Qual é o seu nome?" perguntei suavemente.
"O-Oliver." Ele espirrou novamente, mal conseguindo se segurar.
"Oh, querido. Oliver, vamos te aquecer e secar primeiro, tudo bem?"
Ele hesitou, depois olhou para mim, a esperança brilhando em seus olhos febris. "Posso ficar... com você?"
Sua pequena mão alcançou a minha, os dedos se enrolando em torno do meu polegar. "Por favor, não me mande embora," ele implorou, a voz suave e quebrada, pontuada por outro espirro.
Vi seu corpo balançar, as pernas cedendo sob ele. Eu o segurei a tempo enquanto ele desabava, seu pequeno corpo queimando de febre contra meus braços. Sem pensar, o peguei no colo e entrei apressada, minha mente girando. Quem expulsaria uma criança tão jovem? Como ele encontrou o caminho até minha porta?
Dentro do meu apartamento, deitei-o gentilmente no sofá e corri para pegar toalhas, cobertores e meu termômetro. Quando voltei, seus olhos estavam meio abertos, acompanhando meus movimentos.
"Mamãe," ele murmurou enquanto eu o envolvia em um cobertor, sua pequena mão alcançando a borda da minha jaqueta. "Por favor, não vá embora de novo. Promete?"





































































































































































