Ignorada por Um Alfa, Perseguida por Outro

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Capítulo 2

Eu me forcei a me afastar da cena de partir o coração que se desenrolava diante de mim. O abraço íntimo deles, aquelas palavras que Raymond falava com tanta ternura para Giana—cada momento era mais uma facada no meu coração. Com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, fui me afastando lentamente, rezando para a Deusa da Lua que eles não me notassem.

"Precisamos ser mais cuidadosos," a voz de Raymond chegou até mim enquanto eu recuava. "Vou assumir como Alfa em breve, e todos os olhos estão sobre mim."

Eu congelei no lugar, me esforçando para ouvir mais.

"É impossível," Giana sussurrou de volta, sua voz carregando uma vulnerabilidade que parecia perfeitamente calculada. "Aurora está sempre pairando ao seu redor como uma sombra, nunca te dando um momento de liberdade. Cada minuto que estamos separados é uma tortura."

Raymond suspirou profundamente. "Eu sei. O único momento em que posso respirar, o único momento em que me sinto verdadeiramente feliz é quando estou com você."

As palavras deles me cortaram como garras. Uma sombra indesejada? Era assim que Raymond me via? Depois de tudo que compartilhamos, depois de todos os anos que dediquei a ele, a nós? Os jantares de matilha que organizei para impressionar os pais dele, as incontáveis horas estudando as leis da matilha para ser uma Luna digna—tudo isso não significava nada.

Dei mais um passo para trás, minha mente ainda girando. Meu pé prendeu em um galho caído, e o estalo agudo ecoou pela floresta silenciosa.

A cabeça de Raymond se ergueu instantaneamente, seus olhos examinando a escuridão com precisão predatória. Seu corpo se tensionou enquanto ele se posicionava protetoramente na frente de Giana.

"Quem está aí?" ele exigiu, sua voz carregando o poder inconfundível de um comando de Alfa.

Eu considerei correr, mas sabia que era inútil. Com meu coração batendo dolorosamente contra minhas costelas, eu saí das sombras, a luz da lua revelando minha presença.

"Aurora?" Sua expressão mudou de alerta para acusatória em um instante. "Você me seguiu até aqui?"

Antes que eu pudesse responder, ele já estava movendo Giana mais para trás, protegendo-a como se eu fosse algum tipo de ameaça. O gesto doeu quase tanto quanto suas palavras—Raymond já tinha me protegido dessa maneira também.

"O que você está fazendo aqui?" ele exigiu, os olhos brilhando. "Eu já fui claro—por que você ainda está me importunando? O que exatamente você quer de mim?"

O tom áspero dele me fez estremecer. Eu nunca o tinha ouvido falar comigo dessa maneira, não em todos os nossos anos juntos. O Raymond que eu conhecia tinha desaparecido, substituído por esse estranho que me olhava com nada além de desprezo.

"Eu—eu não te segui," eu gaguejei, minha voz quase inaudível. "Eu vim aqui para pensar. Nunca esperei realmente te encontrar aqui."

Giana espiou de trás de Raymond, seu lábio inferior projetado em um biquinho perfeito. "Oh não," ela disse com uma preocupação exagerada, "eu invadi seu lugar especial?"

A expressão de Raymond escureceu ainda mais. "Este não é nosso lugar especial," ele disse com desdém. "Aquilo era apenas um jogo infantil, nada sério."

Ele se virou para me encarar completamente. "Aurora, você conhece Giana. Ela é minha companheira destinada. Eu descobri nosso vínculo recentemente."

As palavras dele me atingiram como um golpe físico. Companheira destinada. O vínculo sagrado que todo lobisomem sonhava em encontrar. Algo que eu secretamente esperava que Raymond e eu compartilhássemos, apesar de minha loba nunca ter confirmado isso. A conexão suprema que transcendia escolha e livre arbítrio—a única coisa com a qual eu nunca poderia competir.

"Sua companheira destinada..." eu repeti, entorpecida.

"Sim," Raymond disse, sua voz suavizando apenas quando ele olhou para Giana. "E eu preciso que você mantenha isso em segredo. Ninguém pode saber disso—especialmente meus pais."

A realização veio lentamente. Uma garota fora da matilha como a companheira de um herdeiro Alfa? Nem a família de Raymond nem nossa matilha jamais aceitariam essa união. A companheira do Alfa precisava ser alguém que entendesse a política e as tradições da matilha.

Alguém como eu.

Eu engoli em seco, lutando contra as lágrimas. "Por que você não me contou antes?" eu perguntei, minha voz falhando.

A expressão de Raymond permaneceu fria. "Eu não encontrei o momento certo," ele respondeu secamente. "Nem achei que fosse necessário."

"Não é necessário?" Eu repeti, incrédula. "Depois de quinze anos de amizade?"

Seus olhos se estreitaram. "Além disso, eu não podia ter certeza de que você não correria direto para os meus pais e contaria tudo."

A acusação doeu mais do que qualquer dor física, como sal esfregado em uma ferida aberta. Depois de tudo que compartilhamos, todos os segredos que guardei para ele ao longo dos anos, ele realmente pensava tão pouco de mim? Ele realmente acreditava que eu o trairia?

"Raymond," dei um passo à frente, tentando manter a voz firme. "Se você tivesse me contado desde o começo—"

"Teria mudado alguma coisa?" ele interrompeu bruscamente. "Você teria saído do caminho? Você teria desistido da ideia de estarmos juntos?" Seus olhos perfuraram os meus. "Seja honesta, Aurora. Você realmente tem sentimentos por mim?"

A pergunta direta me pegou de surpresa. Durante anos, meus sentimentos foram tão óbvios que nunca precisei expressá-los. Todos sabiam. Todos, exceto Raymond, aparentemente.

Abri a boca para confessar tudo, mas algo na expressão dele me impediu. A maneira como ele me olhava agora—como se eu fosse um fardo, um obstáculo para sua felicidade—fez as palavras morrerem na minha garganta.

"Você está brincando? Sentimentos por você?" Eu disse em vez disso, forçando uma risada que parecia vidro na minha garganta. Rolei os olhos para Raymond de forma brincalhona. "Nós nos vemos praticamente todos os dias desde que éramos bebês. Se alguma coisa, estou cansada de ver seu rosto."

Empurrei seu ombro com uma falsa exasperação. "Sinceramente, eu só tenho ficado por perto para agradar seus pais. Meu pai me deserdaria se eu não seguisse a farsa de 'futura Luna'."

A mentira tinha um gosto amargo, mas eu não podia suportar abrir meu coração apenas para que ele o pisoteasse ainda mais.

O alívio se espalhou pelo rosto de Raymond, tão evidente que foi mais um golpe no meu coração já despedaçado. "Foi o que imaginei," ele disse, relaxando visivelmente. "Você deveria ir agora. Já está tarde."

Dispensada. Assim, simplesmente. Como se eu fosse uma serva de que ele não precisava mais.

Com toda a dignidade que consegui reunir, me virei para ir embora. Cada passo parecia como caminhar por areia movediça, meu corpo pesado com o peso dos sonhos quebrados.

Eu mal tinha chegado à beira da clareira quando ouvi a voz de Giana, deliberadamente alta o suficiente para eu ouvir.

"Aurora é tão nobre, bonita e capaz," ela disse, seu tom impregnado de uma inocência calculada. "Você realmente não sente nada por ela? Todo mundo acha que vocês são perfeitos juntos."

Parei, incapaz de me impedir de ouvir a resposta de Raymond.

"Eu nunca tive sentimentos por Aurora," Raymond declarou firmemente, sua voz ecoando pela floresta silenciosa. "Do começo ao fim, nós éramos apenas vizinhos—todos esses rumores são infundados." Houve uma breve pausa. "Aos meus olhos, Giana, você é tudo. Eu amo apenas você."

As lágrimas que eu estava lutando para segurar o dia todo finalmente se libertaram.

**

Respirei fundo e empurrei a pesada porta de carvalho do escritório do meu pai. O cheiro familiar de livros antigos e couro me recebeu, mas hoje não trouxe nenhum conforto.

Meu pai olhou para cima de sua mesa, seus óculos de leitura pousados na ponta do nariz. Como Beta da alcateia, ele sempre parecia estar enterrado em papelada.

"Aurora," ele reconheceu, colocando a caneta de lado. "O que foi?"

As palavras que eu havia ensaiado durante todo o caminho até aqui de repente ficaram presas na minha garganta. Eu aclarei a garganta e me mantive ereta, canalizando a força do meu lobo.

"Pai, eu preciso falar com você sobre o noivado," comecei. "Raymond e eu... não vamos nos casar."

Sua expressão escureceu instantaneamente. Ele tirou os óculos e os colocou cuidadosamente sobre a mesa.

"O que você acabou de dizer?" Sua voz estava perigosamente calma.

Me obriguei a continuar. "Eu não quero ser Luna. E Raymond também não quer que eu seja Luna."

A cadeira do meu pai arranhou o chão de madeira quando ele se levantou abruptamente. Sua figura alta pairou sobre mim, seus olhos brilhando de fúria.

"Você perdeu a cabeça?" ele disparou. "Toda a alcateia já sabe sobre o noivado. Você tem ideia do que está dizendo?"

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