Capítulo 1 Fogo, Desejo
3:30 da manhã, Cidade Esmeralda, a cidade da Máfia.
Ao longe, uma mansão.
Chamas rugiam, como se quisessem queimar todos os pecados do mundo.
Ao longe, sons de tiros, vidros quebrando, gritos e motores rugindo podiam ser ouvidos.
Padre Roy Murphy observava de longe, sua expressão pesada, em silêncio por um longo tempo.
Dessa vez, Mia Moore e sua família estavam realmente mortos.
Depois de um tempo, ele fez o sinal da cruz sobre o peito, fechou os olhos e ofereceu uma oração silenciosa.
Seu rosto estava solene, mostrando uma espécie de piedade compassiva pelo mundo.
O vento soprava, a porta rangia.
Roy se virou bruscamente, suando frio.
Uma mulher apareceu na porta. Roy a reconheceu, seu rosto deslumbrante, seu vestido preto e vermelho. Ela era linda.
Elsie Thomas — a única filha de Kai Thomas e Mia.
Nesse momento, seu vestido preto e vermelho estava rasgado em pedaços, como uma rosa murcha.
Ela estava encharcada de suor, seu cabelo ondulado grudado no rosto, respirando com dificuldade, seu peito exposto, revelando um charme mortal.
Sangue manchava seu vestido, mas em vez de ser repulsivo, a tornava ainda mais sedutora, como uma íris irresistível.
Qualquer um podia ver que ela tinha acabado de passar por um encontro sexual, provavelmente um estupro.
Sua consciência ainda estava turva, seus olhos marejados, instintivamente se apoiando na porta da igreja.
"Minha pobre criança, o que aconteceu com você para acabar assim?"
Roy correu até ela, seus olhos inconscientemente atraídos para o peito exposto de Elsie e a ponta de seus mamilos...
E aquele cheiro intoxicante... era como um leão faminto na calada da noite, encontrando uma presa deliciosa deitada obedientemente ao seu lado.
No passado, por causa do poder da família Thomas, ele tinha que ser respeitoso. Agora que essa linha da família Thomas estava acabada, aquele medo havia desaparecido.
Um calor subiu em seu peito, sua boca seca, ele estendeu a mão, gentilmente apoiando o ombro de Elsie, sentindo sua pele lisa.
"Eu quero falar com Deus."
Elsie ignorou Roy, caminhou para frente, olhando para a igreja vazia, para a cruz, seus olhos vazios, seu rosto triste.
Roy olhou para sua figura perfeita, a grande extensão de pele nua em suas costas, engolindo seco, ele disse em uma voz profunda, "Fale, criança, Deus está ouvindo sua confissão."
Elsie disse, "Deus Todo-Poderoso, você uma vez me disse que o mundo deveria ser preto e branco, que o bem deveria ser recompensado e o mal punido."
Roy se aproximou, inalando seu cheiro descaradamente, suspirando, "De fato."
Elsie fez uma pausa, olhando para o olhar ardente de Roy, "Está tão tarde, Deus deve estar dormindo. Eu quero te contar primeiro, para que você passe para Deus, Roy, você fará isso?"
Roy, completamente dominado pelo desejo, sua mente em chamas, não pensou que Elsie diria algo tão estranho. Olhando para seu peito, ele assentiu, "Claro, minha criança."
"Como você pode ver, esta noite minha família foi destruída, minha mãe, babá e mordomo todos morreram no incêndio, mas eu... não estava em casa."
Elsie disse tristemente.
Roy assentiu, como se soubesse, "De fato, pessoas boas sempre escapam do desastre; é a bênção de Deus."
"Esta noite eu estava na casa da outra esposa do meu pai Kai, Yara, participando do encontro da minha irmã Uma Thomas com Daniel Wilson. Algumas horas atrás, eu tive relações sexuais com Daniel. Kai ficou furioso e me expulsou completamente da família Thomas."
Elsie falou como se estivesse contando a história de outra pessoa, um sorriso de autoironia nos lábios.
Roy suspirou, "Senhorita Thomas, você vinha aqui todos os dias para confessar seus sentimentos pelo Sr. Wilson. Deus deve ter ouvido."
Elsie não respondeu, e Roy sentiu um calafrio.
Seu olhar se moveu do peito de Elsie para seu rosto frio, que o encarava com um sorriso debochado.
"Se Deus ouviu, não sei, mas você com certeza ouviu, não é?"
Roy de repente se lembrou do passado da família Thomas e estremeceu.
"Eu gostava do Daniel, só você sabia. Toda vez que eu rezava, você estava ao meu lado. Minha mãe nem sabia. Eu não falava muito com ela; era mais você que falava comigo. Você era como meu mentor, me ensinando muitas coisas."
"Talvez eu carregue o nome Thomas, mas meu pai se divorciou da minha mãe há muito tempo; todo mundo na cidade sabe disso, você sabe também."
"Padre Roy, eu já te tratei mal alguma vez?"
Elsie inclinou a cabeça, encarando o padre.
Roy balançou a cabeça, "Senhorita Thomas, você é excepcionalmente sábia. Não me sinto digno de ser seu mentor. Ao longo dos anos, a senhorita Moore e você deram muito apoio à igreja; caso contrário, eu não estaria aqui hoje."
Embora ele dissesse isso, ele se aproximou de Elsie, sua mão já movendo-se para sua cintura, lentamente deslizando por baixo de suas roupas...
Elsie não o parou.
"Na outra noite, quando você estava com a outra mulher do meu pai, Veda Garcia, você também começou pela cintura?" Elsie perguntou de repente.
A mão que estava prestes a alcançar seu peito recuou como se tivesse sido eletrocutada. Roy encarou Elsie como se tivesse visto um fantasma.
"Aquela noite, eu estava prestes a te procurar quando ouvi os gritos de Veda do lado de fora da porta."
"A filha dela não é tão boa quanto eu, com medo de que eu ofuscasse sua filha, ela me incriminou, me fazendo sair da Vila Thomas, arruinando minha família, me impossibilitando de me reerguer..."
Elsie olhou para Roy com um sorriso zombeteiro, "A cintura de Veda é realmente boa; ela cavalgava livremente por cima. Pelo bem da filha, ela até se sacrificou... Não, eu ouvi dizer que Veda tinha alguém de quem gostava quando se casou com meu pai, deve ser você..."
"Mas ela não esperava que Daniel também fosse drogado. Ele me estuprou, mas foi descrito como se eu tivesse seduzido Daniel. O mais engraçado é que Daniel também pensou que eu o droguei para seduzi-lo..."
Roy olhou para Elsie agora como se estivesse vendo um fantasma, balançando a cabeça.
"Não, não... isso não tem nada a ver com Veda..."
Ele sabia muito bem que se Kai descobrisse, ele e Veda estariam mortos, esquartejados e dados aos cães.
Em Cidade Esmeralda, quem não conhecia Kai...
"Quando você me tocou agora, pensou em... Veda? Qual toque é melhor, o dela ou o meu?"
Elsie se inclinou para Roy, abraçando-o.
Ela soprou suavemente em seu ouvido, mas Roy estava gelado, não tendo mais nenhum pensamento lascivo.
"Padre Roy, diga a Deus por mim, a partir de hoje, eu deixo a família Thomas de bom grado. Não carrego mais o nome Thomas; adoto o nome da minha mãe, Moore."
"Diga a Deus por mim, eu vou vingar minha mãe. Vou lidar com todos que causaram a ruína da minha família, um por um, mesmo que o próprio Deus apareça diante de mim, não vai importar!"
Os olhos de Roy se arregalaram de choque enquanto ele dava vários passos para trás, encarando incrédulo a geralmente gentil e devota Elsie, que acabara de proferir tais palavras blasfemas.
Mas com seu segredo exposto e a família de Elsie completamente arruinada, ele precisava manter a calma e encontrar uma oportunidade para silenciá-la mais tarde.
"Tudo bem, Elsie, eu vou contar ao Lorde."
Elsie puxou um revólver de seu vestido e apontou para Roy.
"Então vá em frente e conte ao Lorde, e confesse seus pecados enquanto estiver nisso..."
Um tiro ecoou, e um buraco ensanguentado apareceu na testa de Roy. Seus olhos permaneceram arregalados, incapazes de acreditar que a normalmente fraca e tímida Elsie havia se tornado dessa maneira.
Suas pupilas perderam a luz, refletindo a figura de Elsie.
Ela lentamente tirou a roupa, revelando seu corpo deslumbrantemente belo. Ela cheirou levemente sua pele, como se ainda sentisse o aroma de Daniel, e se perdeu em pensamentos por um momento.
Ela pegou o casaco preto de Roy, envolveu-se nele e saiu silenciosamente da igreja.
Eram 4 da manhã.
Nas proximidades, a igreja estava tomada pelas chamas, como se o próprio Hefesto tivesse descido para queimar os pecados do mundo.
Os arredores estavam silenciosos, e uma figura sombria desapareceu gradualmente na noite iluminada pela lua.
Três anos depois.
Em uma casa na Cidade Esmeralda.
Uma mulher usando óculos de sol estava tomando sol no quintal, deitada preguiçosamente em uma espreguiçadeira com um cobertor sobre ela, exalando uma feminilidade despretensiosa.
Nos três anos que se passaram, a inocência juvenil havia desaparecido de Elsie. Para ser mais preciso, havia desaparecido na noite em que ela se separou de seu antigo "Lorde".
Quem diria que essa mulher tinha apenas vinte e três anos?
"Isso aqui não é a praia de Silverlight City, acorda!"
Kenna Moore tocou sua testa.
Kenna era sua tia, embora fosse apenas dois anos mais velha que Elsie.
Enquanto conversavam, duas crianças pequenas, um menino e uma menina, cambalearam em direção a Elsie, chamando adoravelmente, "Mamãe, leite..."
Eram os dois filhos de Elsie.
Depois daquela noite com Daniel, ela logo descobriu que estava grávida.
Deus havia tirado sua única família, mas agora a abençoara com dois filhos.
Ela deixou a Cidade Esmeralda, foi para Silverlight City encontrar Kenna, e voltou para a família Moore, onde foi bem recebida e deu à luz seus filhos.
Quanto aos gêmeos, o menino se chamava Jasper Moore e a menina se chamava Faye Moore.
"Vocês já estão grandes e ainda querem o leite da mamãe, não têm vergonha?"
Kenna brincou enquanto segurava as duas crianças.
"Não, não... queremos leite."
As crianças começaram a chorar e se soltaram dos braços de Kenna, subindo pelas pernas de Elsie e puxando suas roupas.
"Deixe que tenham. Amamentar até os três anos é melhor para as crianças..."
Elsie tirou duas mamadeiras de trás dela. Os olhos das crianças brilharam, e elas pegaram as mamadeiras com entusiasmo, bebendo o leite doce.
Elsie observou a cena com um sorriso, tirou os óculos de sol e olhou para o céu azul claro, suspirando profundamente.
"Finalmente, estamos de volta..."
"Você tem dito isso há um mês. O que há de tão memorável neste lugar esquecido por Deus, Cidade Esmeralda?"
Kenna pegou Jasper e sentou-se ao lado de Elsie, colocando Jasper em seu colo.
"Nos últimos três anos, pensei em voltar todos os dias, para buscar vingança contra Veda, para vingar minha mãe. Dia e noite, até mesmo em meus sonhos..." disse Elsie, levantando o cobertor fino para revelar seu corpo quase perfeito em um traje preto justo.
Seus contornos sedutores poderiam enlouquecer qualquer homem, e ainda mais irresistível era o fato de que seus seios haviam crescido após o parto, sem nenhum sinal de flacidez.
Como ela estava amamentando, sempre tinha um leve cheiro de leite, que disfarçava com perfume. Esse aroma misturado, combinado com suas curvas perfeitas e rosto deslumbrante, a tornava ainda mais atraente do que uma mulher nua.
Kenna apalpou o peito de Elsie de forma brincalhona, cheirando levemente, e riu.
"Com seus seios desse tamanho, quantos homens você vai enlouquecer? A gravidez realmente aumenta eles?"
Elsie revidou apertando o peito de Kenna.
"Funciona mesmo. Quer que eu te apresente a alguns homens fortes quando eu começar a trabalhar? A máfia de Silverlight City não pode ficar sem algum sustento."
"Ah, meu Deus, que máfia? Não fala besteira. Já estou fora da máfia há séculos. Já decidi alugar a loja ao lado do quintal e abrir um café, fazendo negócios honestos."
Kenna estufou o peito, orgulhosa.
"Ah, claro, Kenna, você é uma cidadã cumpridora da lei que nunca quebra as regras. A propósito, quem foi que mudou nosso voo no mês passado, meia hora antes do embarque, e desapareceu do aeroporto por algumas horas? Foi para cortar um braço ou uma perna?"
Elsie olhou para Kenna com desdém.
Para ela, desde que não fosse assassinato ou incêndio criminoso, isso contava como sair da máfia. Então, já fazia um mês que ela tinha saído da máfia?
Isso era muito tempo?
"Foram meus irmãos inúteis. Eles não conseguiram nenhuma informação, então me forçaram, uma mulher, a cortar aqueles dois braços. Foi tão simples, e o cara entregou tudo."
Kenna bateu palmas, olhando para Elsie com uma expressão de "qual é o problema". "Não se faça de desentendida. Você nem piscou quando matou Roy naquela noite."
Pensando naquela noite de três anos atrás, a expressão de Elsie ficou séria, e ela hesitou em falar.
"Tudo na cena foi queimado até virar cinzas, não deixando nenhuma evidência de que você estava lá. A arma está em sua posse, então não se preocupe."
Kenna a tranquilizou.
"O Vovô descobriu alguma coisa? O incêndio daquela noite teve alguma ligação com a Veda?" Elsie perguntou gravemente.
Ela não conseguia pensar em mais ninguém que quisesse silenciá-las.
Quando Kai se casou com Veda, Mia se opôs fortemente, e foi aí que as duas famílias se tornaram inimigas.
Mais tarde, a filha de Veda, Jada Thomas, não era nem tão bonita nem tão talentosa quanto Elsie, o que pode ter levado Veda e Jada a perderem a cabeça de ciúmes.
Kenna balançou a cabeça. "Não parece ser isso. Veda e Kai têm um bom relacionamento, mas ela vem de uma família comum e não tem esse tipo de poder."
"Além disso, naquela noite, Kai estava furioso e interrogou Veda, mas não conseguiu nada. Provavelmente não estava relacionado."
Os olhos de Elsie se tornaram frios, e ela zombou. "Ele interrogou Veda porque estava preocupado que as pessoas o ridicularizassem por não conseguir controlar sua própria mulher. Também foi para dar uma explicação à nossa família Moore caída."
Ela se levantou, erguendo ligeiramente a cabeça.
"Não importa. Agora que estou de volta, a vingança apenas começou."
Kenna estreitou os olhos e riu secamente. "Embora a família Moore não seja mais tão poderosa como antes, a morte da minha irmã Mia na Villa Thomas não é algo que possa ser resolvido com algumas palavras."
