Durona Disfarçada

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Capítulo 5 Armários amassados, egos amassados

Continuei tomando meu café da manhã numa boa, como se nada tivesse rolado.

Mas mal dei três passos fora do refeitório quando os vi esperando. A garota cujo cabelo estava decorado com salada minutos antes estava de pé com uma amiga, ambas segurando caixas de leite abertas, com expressões de antecipação maliciosa.

Elas achavam que tinham me encurralado. Que fofas.

"Pensa que é esperta, não é?" a Garota da Salada sibilou, com o rímel ainda borrado pela humilhação anterior. "Ninguém nos envergonha e sai impune."

Sua amiga, uma loira com gloss demais nos lábios, riu. "Vamos garantir que todos lembrem o que acontece com gordinhas insignificantes que não sabem seu lugar."

Avaliei a situação em milissegundos. Duas atacantes amadoras, postura ruim, telegraphando suas intenções claramente. Elas planejavam me encharcar com leite, provavelmente gravando tudo com um celular escondido por perto. Clássica treta de colégio.

"Vamos ver o quão engraçada você fica coberta de leite, porca," a Garota da Salada rosnou, ambas as garotas avançando.

Fingi um passo assustado para trás, deliberadamente mudando meu peso como se estivesse perdendo o equilíbrio. Os olhos delas brilharam com o que perceberam como vulnerabilidade. Quando avançaram com suas caixas de leite, girei sobre o pé esquerdo, minha palma direita disparando em um movimento preciso e calculado.

Minha mão conectou com o fundo das duas caixas simultaneamente, aplicando força suficiente para redirecionar o impulso para cima e para trás. A física fez o resto.

Dois jatos de leite descreveram arcos no ar, respingando diretamente nos cabelos cuidadosamente arrumados e nas roupas de grife delas. O leite encharcou as blusas delas, escorrendo pelo rosto de cada uma, puro choque estampado.

"Você—!" a Garota da Salada gritou, tropeçando para trás. Seu salto prendeu na calçada irregular, fazendo-a cair sobre a amiga. As duas foram ao chão em um monte desajeitado de roupas molhadas e maquiagem borrada.

Pelo canto do olho, vi Emily se encolhendo atrás da parede. Ela estava assistindo, provavelmente esperando me ver humilhada. Agora ela estava se esgueirando, com medo de ser associada a mim.

Passei por cima das garotas sem olhar para trás, meus olhos fixos em um novo alvo. Ashley Williams estava parada, congelada, perto dos armários. A chamada abelha-rainha da Cloud City High, responsável por orquestrar a maioria das tormentas da Jade original.

O rosto dela ficou branco quando fui direto na direção dela.

"O que você quer?" ela exigiu, a voz tremendo ligeiramente.

Não parei até estar a centímetros de seu rosto, encurralando-a contra os armários.

"Você não pode me tocar," ela sussurrou, seus lábios trêmulos traindo seu medo.

Quase soltei uma risada. Na minha vida passada, já encarei chefões de cartel e matadores do governo. Essa garota achava que a posição do papai a salvaria.

Levantei o punho, vendo-a se encolher e fechar os olhos. Em vez de acertá-la, bati meus nós dos dedos no armário ao lado da cabeça dela, o metal amassando com o impacto.

Os olhos de Ashley se abriram, fixos na impressão perfeita que meu punho deixou no aço.

"Não vai ter terceira vez." Dei um passo para trás, dando-lhe espaço para respirar novamente.

O choque de Ashley se transformou em raiva enquanto ela recuperava a compostura. "Jade Morgan," ela cuspiu, "você está morta. Ouviu? Morta!"

Eu já estava me afastando, suas ameaças tão insignificantes quanto a birra de uma criança.

"Jade!"

Virei-me para ver Max mancando apressadamente pelo corredor, preocupação estampada em seu rosto.

"Você está bem?" ele perguntou, um pouco sem fôlego pelo esforço de me alcançar. "Ouvi dizer que algumas meninas estavam planejando te emboscar depois do café da manhã."

"Estou bem," eu o assegurei. "Nada que eu não pudesse lidar."

Max olhou ao redor para o que havia acontecido. "É, eu posso ver isso." Um pequeno sorriso incerto cruzou seu rosto. "Você... mudou ultimamente."

Dei de ombros. "Só parei de engolir sapo."

"Mas você nunca se defendeu antes. Sempre disse que não valia a pena o esforço."

"Tem coisa que vale o esforço," respondi, percebendo na hora como isso soaria estranho vindo da Jade de antes. "Além disso, eu era só preguiçosa antes."

Max me estudou com uma mistura de confusão e admiração. "Seja lá o que mudou, acho que tô curtindo."

Nosso momento foi interrompido por risadas no corredor. Orion e um de seus amigos estavam se aproximando, o amigo apontando na nossa direção.

"Olha quem é," o amigo disse alto o suficiente para que ouvíssemos. "A gorda e o aleijado. O melhor de Cloud City."

Olhei para Orion de perto pela primeira vez desde meu renascimento. De acordo com as memórias da Jade original, ela estava obcecada por ele há anos. Olhando para ele agora, eu não conseguia entender por quê. Ele era no máximo bonitinho—traços simétricos, porte atlético, roupas de grife. Nada de especial. Ele certamente não valia a pena a paixão patética que a Jade original tinha nutrido.

"Cala a boca," Max murmurou, sua confiança anterior evaporando.

"O que foi isso, manco?" o cara zombou, se aproximando mais. "Não consegui te ouvir por causa do barulho do seu pé arrastando."

Senti algo se agitar no meu peito. Antes que pudesse analisar, me movi.

Em um movimento fluido, agarrei o cara pela gola e o girei, batendo-o contra o corrimão do corredor. Suas costas arquearam sobre a barra de metal, seus olhos arregalados de choque enquanto eu o mantinha suspenso, seus pés mal tocando o chão.

"Solta ele!" Orion gritou, avançando.

Nem olhei para ele. "Fecha a matraca. Isso não é da sua conta."

O choque no rosto de Orion era quase cômico.

"Peça desculpas ao meu irmão," eu disse ao cara, minha voz mortalmente calma.

"Vai se ferrar," ele ofegou, ainda tentando manter sua pose de durão apesar do medo em seus olhos.

Me inclinei mais perto. "Deixe-me deixar algo bem claro. Se eu ouvir a palavra 'aleijado' ou 'manco' ou qualquer outro insulto patético sair da sua boca de novo, você será o próximo a mancar. Só que o seu não vai ser temporário. Entendeu?"

Uma pequena multidão havia se formado agora, alunos cochichando e apontando.

"Eu disse, peça desculpas ao meu irmão."

O rosto do cara estava pálido. "Eu... eu sinto muito, Max."

"Como se você realmente quisesse," insisti, aplicando apenas um pouco mais de pressão.

"Eu sinto muito, Max!" Brad gritou. "Eu não vou fazer isso de novo. Juro!"

Eu o soltei, e ele se afastou tropeçando, esfregando a garganta.

O sinal para a próxima aula tocou, dispersando a multidão de espectadores. Max me olhou como se estivesse vendo um estranho.

"Você não precisava fazer isso," ele disse baixinho enquanto caminhávamos em direção às nossas salas.

"Sim, eu precisava."

"E o Orion?" Max perguntou depois de um momento. "Achei que você estava apaixonada por ele."

Eu dei uma risada. "Eu nunca tive sentimentos por aquele cara."

Max parou de andar. "O quê? Você estava obcecada por ele desde o primeiro ano. Você tem um diário inteiro cheio de rabiscos de 'Sra. Jade Miller'."

Mentalmente xinguei a Jade original por sua fixação embaraçosa. "A gente muda. Só saquei que ele não vale meu tempo."

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