Dei um Tapa no Meu Noivo—Depois Casei com Seu Arqui-inimigo Bilionário

Download <Dei um Tapa no Meu Noivo—Depoi...> grátis!

BAIXAR

Capítulo 5

"Precisamos conversar."

Ele estava parado na minha frente, a voz perturbadoramente calma—como se estivesse avisando que a geladeira pifou, e não que eu tinha acabado de arrastá-lo para a cama na noite passada.

Conversar?

Meu cérebro começou instantaneamente a filtrar as possibilidades. Conversar sobre o quê? Um debriefing? Uma revisão? Ele estava propondo algum tipo de... "parceria sexual de longo prazo"?

Definitivamente não uma proposta. Esse tipo de coisa só acontece em novelas escritas por pessoas com mentes irremediavelmente românticas.

Ele estava preocupado que eu fosse me apegar a ele?

Afinal de contas—fui eu que comecei isso.

Eu fui quem o arrastou pra fora do bar.

Eu fui quem abriu a porta do hotel.

Eu fui quem o prendeu na cama sem pensar duas vezes.

"Olha," eu disse, adotando o tom mais maduro e responsável que consegui reunir, "a noite passada foi um erro. Um erro imprudente, impulsivo, mas... inegavelmente prazeroso."

Tentei não olhar para os ombros dele. Nem pra o peito. Nem pra as gotas de água escorrendo pela clavícula, traçando os músculos esculpidos.

"Não vou pedir pra você assumir responsabilidade. Não vou ligar chorando por trauma emocional. Não sou esse tipo de garota."

Ele não disse nada.

Sem ver nenhuma reação, virei-me pra a porta—mirando uma saída graciosa, completa com um monólogo de encerramento.

Mas assim que minha mão alcançou a maçaneta, uma mão quente e úmida se fechou sobre a minha.

Eu congelei. Lentamente, me virei.

Ele estava me olhando com uma expressão que eu não conseguia identificar—algo entre surpresa e... seriedade.

"Você não se lembra de mim?" ele perguntou suavemente.

Eu pisquei, pega de surpresa. Respondi rapidamente, quase defensivamente: "Claro que lembro. Você é meu novo vizinho. Me ajudou a encontrar as chaves na outra noite."

Tecnicamente verdade. Totalmente preciso.

O que eu não disse—e nunca diria—é que mesmo sem essas interações triviais, eu lembrava dele.

Aquele rosto era inesquecível.

Ou, mais precisamente, aquele rosto parado na minha frente apenas com uma toalha branca, com água escorrendo por aqueles abdominais... é. Não é algo facilmente apagado da memória.

Engoli em seco.

O truque era simples: evitar encará-lo de frente. Como se fosse um eclipse.

Pena que essa estratégia tinha falhado completamente.

Pior ainda, mesmo eu estando completamente vestida e ele praticamente nu, de alguma forma, sob o olhar dele, eu me sentia como a única que estava completamente exposta.

Tentei falar—dizer algo, qualquer coisa pra mudar o foco.

Mas ele não pressionou mais. Ele apenas ficou ali, me observando, como se esperasse pelo momento em que minha reação real finalmente viria.

O silêncio se estendeu.

Então ele disse, "Tudo bem. Não importa."

Eu pisquei. O quê?

"Posso ir agora?" perguntei secamente. A mão dele ainda não tinha se movido.

Ele olhou pra mim novamente, então—sem pressa—disse:

"Você quer se casar comigo?"

...

O quê?!

"Você não está falando sério." Finalmente encontrei minha voz.

"Estou completamente sério," ele respondeu, como se estivesse lendo um relatório trimestral de resultados. "Acabei de voltar pra o país. Meus pais querem que eu me case o mais rápido possível. Aos olhos deles, um homem casado significa estabilidade. E só um homem estável pode herdar os negócios da família."

Eu fiquei em silêncio.

Dois dias atrás, prometi que traria pra casa alguém melhor que Rhys.

Alguém impressionante o suficiente pra calar meus pais.

Agora, o universo tinha enviado uma resposta—só que com uma camada grossa de ironia.

Mas eu sabia.

Casamento não deveria ser assim.

Eu já tinha passado por um noivado sem amor uma vez.

Tudo o que restou foi uma casa tomada por silêncio, intimidade vazia e uma lenta, brutal corrosão da minha autoestima.

Abri a boca pra dizer não.

Mas naquele momento, meu telefone tocou.

O toque agudo cortou o silêncio como uma faca.

Olhei pra a tela—e senti como se uma bomba tivesse explodido no meu peito.

Caroline Vance.

Minha mãe.

Catherine estava de volta.

Ela devia ter ligado pra anunciar algo importante.

Olhei pra aquele rosto—familiar, mas distante—e depois de volta pra meu telefone.

E finalmente, disse as palavras:

"Eu não posso aceitar."

Saí da suíte do hotel, o toque ainda estridente atrás de mim.

Atendi, não porque queria, mas porque precisava—desesperadamente—romper o laço que continuava me arrastando de volta ao passado.

"Por que você não atendeu o telefone? Estava tentando me dar um ataque cardíaco?"

A voz da minha mãe veio em rajadas rápidas, como tiros de metralhadora.

"Pensei que você estivesse morta numa vala ou sequestrada por algum maníaco! Venha pra casa. Agora. Precisamos conversar."

"Já estou a caminho," disse friamente, desligando antes que ela pudesse começar a segunda rodada.

Dei ao motorista o endereço dos meus pais e desabei no banco de trás, como quem vai encarar uma colonoscopia sem anestesia.

Certo. Vamos acabar logo com isso.

Minha vizinha—também conhecida como meu caso de uma noite—provavelmente era louca.

Mas enquanto ainda me restava uma gota de coragem induzida pelo álcool—enquanto a velha Mira, desesperada por amor, não tivesse voltado—eu tinha que agir rápido.

Eu tinha que jogar essa bagunça arruinada de volta na cara deles.

A mansão da família Vance ficava num enclave suburbano que torcia o nariz para quem não podia bancar um BMW. Sem estações de metrô. Sem rotas de ônibus. Apenas um "mantenham-se afastados, pobres" elegantemente escrito.

No portão de ferro forjado, respirei fundo. Sentia-me como um boxeador entrando no ringue. Ombros retos. Queixo erguido. Armadura emocional travada.

No momento em que entrei na sala de estar, pude sentir a emboscada.

Meu pai—Franklin Vance—estava sentado sozinho em sua cadeira de couro, com a mesma expressão que provavelmente usava pra demitir gerentes de fundos de hedge subdesempenhados.

Ao lado dele, minha mãe, Caroline, com o cabelo impecável e o colar de pérolas no lugar, sorria como médico ao dar a notícia: "O câncer se espalhou."

À esquerda deles, Rhys estava sentado no sofá, todo solene e taciturno, como se estivesse esperando um advogado de divórcio pra dirigir sua próxima pose.

E à direita?

Catherine, obviamente.

Só faltava um martelo e um taquígrafo.

Isso era um julgamento.

Eu era a ré.

E o veredito já estava escrito.

Minha mãe atacou primeiro.

"O que demorou tanto? Liguei pra você horas atrás."

Ela cruzou os braços, o tom mais frio que o ar-condicionado.

"Trânsito," menti.

Se eu dissesse que acabei de escapar de um homem de toalha, eles me internariam.

"E então? Por que estou aqui?" Meu tom era afiado, gelado.

Ninguém respondeu.

Até que Rhys se levantou, ainda com um curativo na testa.

A visão dele parecendo vagamente ferido me trouxe uma pequena e sombria satisfação.

"Você deixou isso na minha casa," ele disse devagar, segurando algo na mão.

"Seu despertador de urso."

Eu o encarei.

Um relógio eletrônico barato, arranhado, em forma de urso de desenho animado, com a face plástica riscada e desbotada de tanto uso.

E agora, esse relíquia era o movimento de abertura deles?

A raiva subiu na minha garganta, mas eu a engoli.

"Obrigada," disse sem emoção. "Isso é... atencioso."

Peguei o ridículo relógio e me virei pra sair.

Vamos lá. Ninguém convoca uma reunião de família completa só pra devolver um despertador. Eu sabia melhor. Isso era sobre humilhação. Sobre me colocar no meu lugar.

Eles eram a verdadeira família.

Eu sempre fui a intrusa—chamada só quando precisavam de uma substituta.

"Espere," minha mãe disse, sua voz ainda mais fria que antes.

Eu parei. Não me virei.

Ela cruzou os braços novamente e sorriu—um sorriso forçado e venenoso, daqueles que você só vê quando um médico diz: "É estágio quatro."

"Agora que Catherine está de volta," ela disse, "e já que você e Rhys terminaram, acreditamos que é hora—ele e Catherine devem se noivar."

Dei uma risada curta, sem humor. Virei-me devagar, deixando o sarcasmo escorrer dos meus lábios.

"Por todos os meios. Planejem o que quiserem. Não é como se vocês já tivessem pedido minha opinião antes."

"Costumávamos pedir," ela retrucou, sua voz afiada, "quando você ainda era a filha sensata. A que tinha potencial."

Ela se aproximou.

"Você é muito emocional, Mira. Sua insegurança te deixou paranoica—acusando Rhys, tentando controlá-lo. Você não confiava nele, e isso destruiu o relacionamento."

As palavras dela eram lâminas.

Leves no tom.

Implacáveis no efeito.

"Então isso é culpa sua.

E você vai deixar isso claro pra a imprensa.

Diga que se apaixonou por outra pessoa.

É por isso que você terminou o noivado."

Eu congelei.

Algo rasgou dentro do meu peito—como se eles tivessem despedaçado com as próprias mãos.

Olhei pra eles—todos eles—meus pais, Rhys, Catherine.

Tão calmos. Tão deliberados.

Como um roteiro que ensaiaram por semanas.

O que eu fiz pra merecer isso?

Onde eu errei tanto?

Eu estava pronta pra explodir. Pra sair furiosa.

Mas foi quando meu pai finalmente se levantou.

Como um juiz se preparando pra ler a sentença.

"Você não precisa se preocupar em encontrar alguém novo," ele disse com absoluta finalidade.

"Já fizemos os arranjos—"

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo