Invisível Para Seu Bully

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LAST NED

Capítulo 3 Capítulo 3

Noah

A maioria das pessoas acha que minha vida é fácil.

Elas veem o uniforme, a braçadeira de capitão, as garotas que colocam bilhetes no meu armário, os professores que me dão um desconto porque eu estou "liderando o time nesta temporada". Elas veem os melhores momentos, os touchdowns, a confiança.

E sim, eu aproveito isso. Por que não aproveitaria? Essa imagem me manteve no topo desde o primeiro ano.

Mas o que elas não veem – a parte que eu nunca admitiria em voz alta – é que a melhor parte do meu dia não são os touchdowns. Não são os aplausos, nem as vitórias.

É o rosto da Jessa Lombardi quando eu a irrito.

Não deveria achar isso tão divertido. Ela é irmã gêmea do Jackson, para começar. O que significa que, tecnicamente, ela é proibida. Mas, meu Deus, ela facilita muito. O jeito que suas bochechas ficam vermelhas, o jeito que ela bate as coisas ou solta essas respostas afiadas – Jessa é como um nervo exposto gigante. Sensível pra caramba.

E eu gosto de testar até onde posso ir antes que ela exploda.

Como hoje de manhã, por exemplo.

Jackson e eu estávamos indo para o treino, mas passei na casa dele primeiro. Entrar na cozinha deles sempre parece... estranho. Não sei por quê. Talvez porque eu praticamente sinta o quanto Jessa não quer que eu esteja lá.

Ela estava de pé no balcão, passando manteiga na torrada como se ela a tivesse ofendido pessoalmente. Camiseta larga, cabelo bagunçado, pés descalços se dobrando contra o azulejo. Por um segundo, quase não disse nada.

Quase.

"Bom dia, raio de sol," joguei, encostado no batente da porta.

O jeito que os ombros dela ficaram tensos – foi uma gratificação instantânea. Como assistir um fogo começar.

"Não me chame assim," ela resmungou, olhos no prato.

"O quê? Achei que você gostaria de um apelido."

Ela revirou os olhos tão forte que juro que ouvi um clique.

Jackson riu, completamente alheio. "Ignora ela, cara."

Claro que eu não ignorei. Não consigo. Nunca consigo. Em vez disso, vi a torrada e não resisti. "Muita manteiga de novo?"

Ela bateu a faca na bancada como se quisesse me esfaquear com ela.

"Sério? Você nunca se cansa de comentar sobre o que eu como?"

E assim, meu dia estava feito. Aquela chama de raiva nos olhos dela, o jeito que a voz dela falhou no "nunca". Ela não percebia, mas estava me dando exatamente o que eu queria.

Atenção.

Aqui está a questão: Jessa não me entende. Ela acha que eu implico com ela só para ser um idiota, ou porque não tenho nada melhor para fazer. Mas a verdade? Não é tão simples.

Eu a noto.

Mais do que deveria.

E notá-la – realmente notá-la – é perigoso.

Porque Jessa não é como as outras garotas que se jogam em cima de mim. Ela não dá risadinhas quando eu passo ou pisca os cílios esperando que eu lhe dê um sorriso. Ela não quer nada de mim.

Exceto talvez que eu desapareça.

E isso me faz querer cutucar, provocar, irritar. Me faz querer que ela olhe para mim, mesmo que seja com fogo nos olhos. Porque quando ela está com raiva de mim, pelo menos ela está me vendo.

Na escola, é ainda melhor.

Na cafeteria, Jackson e eu fazíamos o time inteiro rir com piadas internas idiotas quando a vi sentada com Mariah. Sempre na mesa do canto, sempre com a cabeça baixa, como se estivesse torcendo para desaparecer.

Mas eu não deixo ela desaparecer.

"Ei, Jackson!" gritei do outro lado da sala. "Melhor esconder sua comida ou a Jess vai comer tudo antes de você piscar."

A mesa explodiu em risadas. Perfeito.

Eu percebi a maneira como os ombros dela se curvaram, como a mão dela parou no meio do caminho até a boca. Ela não levantou o olhar, mas eu sabia que ela me ouviu. Sabia que ela sentiu a provocação.

E sim, talvez isso me faça um idiota. Mas tem algo no silêncio dela que me incomoda. Como se ela estivesse segurando todas essas emoções dentro de si, e eu fosse o único que sabe como tirá-las dela.

Jackson não entende. Para ele, a Jessa é só... Jessa. Sua gêmea, sua sombra, a irmã sobre a qual ele não pensa duas vezes. Ele não percebe a maneira como ela se encolhe quando as pessoas sussurram, ou como ela puxa o capuz mais apertado, como uma armadura.

Mas eu percebo.

Eu vejo.

E às vezes me pergunto se é por isso que continuo provocando—porque se eu não fizer isso, talvez ninguém notaria ela.

O treino naquela tarde deveria ter tirado Jessa da minha cabeça. Geralmente tira. Uma vez em campo, nada mais importa. O estalo da bola, o som das ombreiras, o rugido dos caras—tudo isso abafa qualquer outra coisa.

Mas não hoje.

Hoje, quando fechei os olhos, tudo o que vi foi a maneira como ela me encarou por cima da torrada, bochechas coradas, olhos faiscando.

E então—Deus me ajude—a maneira como o olhar dela passou por mim. Ela achava que era sutil, mas eu percebi. A maneira como os olhos dela se demoraram nos meus ombros, no meu peito.

Ela pensa que eu não noto, mas eu noto.

E esse pensamento fica comigo mais do que eu gostaria.

Naquela noite, deitado na cama, tento me convencer de que não é nada. Jessa é sensível, só isso. Ela reage a mim porque eu aperto os botões dela. Se ela não reagisse, eu provavelmente perderia o interesse.

Exceto que... eu não estou perdendo o interesse.

Na verdade, estou viciado.

Quero saber até onde posso ir antes que ela finalmente exploda. Antes que ela me deixe ver o fogo que sei que ela está escondendo.

Quero saber se esse fogo queima tão intensamente quando não é raiva.

Na manhã seguinte, a pego olhando de novo.

Ela não percebe—estou rindo de algo que Jackson disse, jogando a cabeça para trás, e quando olho para o lado, os olhos dela estão em mim. Não com ódio. Não com raiva. Apenas... observando.

E por um segundo insano, parece que ela me vê. Não o quarterback. Não o melhor amigo do Jackson. Não o idiota que não a deixa em paz.

Apenas eu.

Nossos olhos se encontram, e o ar muda. Ela parece pega de surpresa, como um cervo nos faróis.

Pela primeira vez, não dou um sorriso de lado. Pela primeira vez, apenas olho de volta.

Mas então o pânico bate, e eu cubro isso com um sorriso. "Gostou do que viu, Sunshine?"

O rosto dela fica vermelho. "Nos seus sonhos."

Mas eu ouvi a pausa na respiração dela. Vi a maneira como ela não conseguiu desviar o olhar rápido o suficiente.

E é aí que eu sei que estou encrencado.

Porque atormentar Jessa Lombardi não é mais apenas um jogo.

É um vício.

E mais cedo ou mais tarde, isso vai explodir na minha cara.

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